Caribe. Quando se fala essa palavra, você já imagina praias lindas, de mar azul e areia branquinha. Quando decidimos começar a nossa série especial sobre a região caribenha, estávamos focados em locais diferentes das rotas turísticas brasileiras. Depois de tanta pesquisa, a escolha do destino: Curaçao.
Por que Curaçao? Queríamos algo que não fosse extremamente turístico, como Punta Cana ou Cancún. Quando avaliamos Curaçao, foi quase que ‘amor à primeira foto do Google’ (dá uma olhada na galeria no fim do post para sentir um gostinho desse lugar). Um pouco mais de pesquisa nos fez chegar à conclusão de que lá era o lugar ideal, com bastante contato com a natureza, lugares rústicos, boa estrutura, porém sem uma pegada mega turística. Além, óbvio, das praias bem ao estilo caribenho.
Curaçao tem uma personalidade única. Sem dúvidas, é um local que voltaríamos 20 vezes e não cansaríamos. São muitas praias – todas lindas – trilhas, passeios, mergulhos e uma vida marítima de tirar o fôlego. Parece que você está no paraíso, ou bem próximo dele.
Localizada a apenas 70 km da Venezuela, ela faz parte das chamadas ilhas ABC (Aruba, Bonaire e Curaçao) e se destaca pelo mar com um azul tão profundo que parece que você sairá tingido da água. Com 150.000 habitantes, é a maior das três ilhas. Aliás, a maioria dos turistas dividem a viagem entre Aruba – para quem gosta de um turismo mais ao estilo norte-americano – e Curaçao – para o viajante que prefere o estilo europeu. Tínhamos bastante tempo, mas preferimos explorar Curaçao ao máximo e deixar as outras ilhas para uma próxima viagem.
| Um pouco de história
Curaçao tem uma história longa e complexa. Foi descoberta por espanhóis, em 1499, que expulsaram seus habitantes nativos e colonizaram a ilha. Porém, com a escassez de recursos naturais, acabaram abandonando a região, abrindo caminho para os holandeses, que mantém sua soberania por lá desde o século XVII.
Durante muitos anos, Curaçao foi a principal base para o mercado de escravos no Caribe. Lá, os ‘trabalhadores’ vindos de diversos pontos da África eram treinados e comercializados. As influências africanas tiveram bastante impacto na cultura, gastronomia e religião local.
O resultado mais evidente desse caldeirão de nacionalidades é o Papiamento, um dos idiomas oficiais da ilha e que mistura seis idiomas diferentes – o português, entre eles. Aliás, uma curiosidade é que essa língua é “conhecida” por nós brasileiros. O parque de diversões Hopi Hari, localizado em Vinhedo (SP), utiliza esse idioma dentro do parque. Eles dizem que é uma língua própria, mas coincidentemente todas as palavras existem em Papiamento.
| A ilha
Curaçao tem 444 km², ou seja, não é tão grande. Se você ficar ao menos 5 dias na ilha, conseguirá visitar praticamente todos os pontos principais – mas para isso será necessário alugar um carro.
A capital de Curaçao, Willemstad, está dividida em Otrobanda e Punda. Para ir de um lado para o outro é preciso atravessar a pé uma ponte flutuante, que frequentemente se movimenta para a passagem de barcos e cruzeiros. Quando isso acontece, é preciso pegar uma balsa – gratuita – disponível a poucos metros da ponte.
Cada um dos lados da cidade tem sua característica própria. Punda, a parte mais turística e antiga da ilha, é marcado pelas charmosas casinhas coloridas, que mostra suas origens dando um toque holandês ao Caribe. Para quem gosta de curiosidades turísticas, dizem que antigamente as paredes eram todas brancas, até que um antigo governante relacionou sua dor de cabeça ao reflexo do sol nas paredes. Pediu, então, para que cada casa fosse pintada de uma cor diferente. Tempos depois descobriram que ele era dono de uma fábrica de tintas. Se é verdade ou não, o fato é que o colorido deu um charme extra para a capital.
Otrobanda significa “o outro lado”. A região abriga a parte comercial da cidade e alguns resorts. A principal atração por lá é o jardim do hotel Kura Hulanda – o passeio pelas lojinhas e casarões reformados é aberto para qualquer turista. É nesse miolo que está o Museu Kurá Hulanda, que retrata a triste época da escravidão na ilha. O tema é forte, mas o museu é bem interessante.
As praias com mais estrutura (a maioria particular) estão na parte Leste, junto aos resorts mais famosos e próximas da capital. Já aquelas que mais gostamos e – vazias e quase intocadas – estão na parte Norte, a cerca de 40 km de Willemstad.
De um lado da costa, as praias são ótimas para banho e para se jogar na areia. Do outro, a costa é bem rochosa e menos explorada. Não há muitas opções de praia nem mesmo para mergulho, pois o mar é mais agitado e perigoso.
| Visto
Brasileiros não precisam de visto para entrar em Curação, mas vale checar onde será feita a conexão do seu voo. Nós, por exemplo, fomos por Miami. Ou seja, você vai precisar do visto dos Estados Unidos.
| Moeda
A moeda local é o Florim Antilhano, mas o dólar americano é amplamente aceito a uma taxa de US$1 = Fls 1,75 (valor referente a 2018). Uma coisa importante em relação ao dinheiro, a taxa de serviço nos locais varias de 10% (restaurantes) e 12% (hotéis).
| Quando ir
Curaçao é destaque entre as ilhas caribenhas por possuir um clima agradável o ano todo e estar fora da rota de furacões. Ou seja, você pode ir em qualquer época do ano. A temperatura média é de cerca de 27°C. A estação chuvosa, que é entre outubro e fevereiro, geralmente é marcada por chuvas curtas e eventuais, e tempo ensolarado durante o dia. O total das médias de precipitação anuais é apenas 570 mm (para se ter uma ideia, no Rio de Janeiro a média é de 1280 mm por ano).
| Chegando e saindo
Curaçao é servido por um número de companhias aéreas e tem serviços diários non-stop de avião dos EUA, e voos diários para Venezuela e Holanda.
Desde dezembro de 2018, existe um voo direto do Brasil para Curaçao uma vez por semana operado pela Corendon AIrlines. A Copa voa desde São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife e Manaus via Cidade do Panamá. Também é possível ir pela Avianca, saindo de São Paulo ou do Rio com conexão em Bogotá.
Outra opção é ir pelos Estados Unidos. Nós fizemos isso, voando pela American e ainda ficamos uns dias em Miami.
| Como se locomover
A ilha não tão grande, mas para explorá-la da melhor forma a nossa maior recomendação é alugar um carro. Os ônibus são raros e a alternativa são vans particulares e não muito convidativas. E não se engane: por mais que seu hotel seja localizado no centro, você vai querer visitar praias mais distantes. Saindo de Willemstad, é possível chegar ao outro extremo da ilha em 30 ou 40 minutos dirigindo.
Nós alugamos um Kia Picanto com a Just Drive Car Rental. O escritório não fica no aeroporto, por isso os preços são mais em conta. Ainda assim, eles oferecem o serviço de transfer entre o terminal e a locadora. A empresa é familiar e todos são super atenciosos. Edgard, um dos donos, além de muito simpático e passar inúmeras indicações de passeios, ainda nos deu uma dica preciosa: o app maps.me – ele funciona offline e tornou-se nosso melhor amigo durante a viagem.
Para aqueles que não alugarem carro, há transporte público, mas não é dos melhores. Há grandes ônibus (Konvoi) e pequenas vans (Bus) trafegando por diferentes rotas, operando principalmente a partir de terminais em frente aos correios na Waaigat, em Punda ou em Otrabanda. Ainda, você pode optar pelos táxis. A maioria com tarifas padrão (não medidas), por isso é bom sempre perguntar antes sobre as tarifas para o seu destino.
| Onde se hospedar
Opções para boa hospedagem não faltam. Curaçao tem uma imensa variedade de acomodações, desde vilas particulares até luxuosos resorts. Na região central da ilha estão localizados os maiores e mais famosos hotéis, como Hilton e Renaissance. Apesar de muitos hotéis trabalharem com o sistema all-inclusive, a ilha não é um destino para escolher um mega hotel e passar o dia todo nele. Pelo contrário, as melhores praias estão relativamente distantes dos grandes resorts.
Por isso, a melhor coisa é pegar o carro e explorar a ilha de norte a sul. Sem falar que ao ficar em um hotel com tudo incluso, você acaba fechando as portas para a gastronomia local, já que dificilmente irá sair para um jantar na cidade. O Flymaniacs é adepto a conhecer as particularidades dos locais que visitamos. Ficar em um hotel todas as noites não estava na nossa programação.
Nós experimentamos três estadias diferentes, tanto em estilo, como em localização. O primeiro foi o 20, um hotel relativamente novo com apenas 9 apartamentos no formato de flat, com cozinha, sala de estar e quarto, tudo junto.
Depois fomos para o Mondi Lodge, um hotel bem intimista, com uma pegada mais ambiental e apenas 4 cabanas para hóspedes. Por último, conhecemos o BijBlauw, de estilo boutique, com quartos amplos e um delicioso restaurante com vista para o mar.
| Onde comer
Italiano, japonês, chinês, caribenho, francês, indiano, suíço, mexicano… As opções de restaurantes são inúmeras e isso facilita a vida daquelas pessoas que não têm facilidade para se adaptar a uma culinária muito exótica. No entanto, recomendamos que você saia um pouco do tradicional e tire alguns dias para experimentar a culinária local, que inclui desde frutos do mar até carne de iguana.
Os restaurantes mais bem avaliados e com cardápios mais interessantes não têm preços camaradas, mas isso não significa que todos os lugares sejam caros; há restaurantes para todos os bolsos. Se você não tem um local específico para ir, vá até a região de Punda, onde é fácil encontrar bons restaurantes. Por lá você encontrará o Plein Café, o Perla del Mar, e ali pertinho está o famoso Gouverneur.
Pietermaai é outra região interessante e que está crescendo na cena gastronômica de Curaçao, com estabelecimentos mais sofisticados e charmosos. Fomos ao Fishalicious, que fica em uma rua estreia e cheia de charme. No geral, os restaurantes fecham cedo e reservar uma mesa com antecedência é sempre uma boa ideia.
| O que fazer
Ah, poderíamos ficar horas escrevendo sobre as inúmeras atividades para se fazer na ilha. Vamos começar pelas praias. São muitas! Tem gente que fala que apenas 3 ou 4 são imperdíveis. Mentira! Todas são imperdíveis.
Nós passamos 12 dias na ilha. Pode parecer exagero, mas não foi. Conseguimos conhecer praticamente todas as praias e podemos afirmar que a maioria delas merece um lugarzinho na sua programação. Depois faremos uma matéria especial sobre todas as praias imperdíveis, mas por enquanto fica a dica: comece por Kenepa Grandi.
Algumas praias são particulares e paga-se para entrar, o que não tira a beleza e garante a boa estrutura para os visitantes. Mas normalmente as públicas são mais naturais e com muita vegetação, o que dá um charme a mais. A melhor parte é que em praticamente todas você consegue mergulhar. Confira uma matéria especial com as melhores praias de Curaçao.
Ainda na onda das praias, reserve um dia para visitar Klein Curaçao, que é uma ilhota ao lado de Curação. Se Curaçao é linda, lá é realmente o paraíso. Não tem pessoas, não tem construções. Apenas tartarugas-marinhas, peixes coloridos, um mar azul absurdo e uma areia branca. Dá para imaginar?
Fomos até lá com a Miss Ann Boat Trips, que faz o passeio em um catamarã enorme e bem confortável. A viagem dura cerca de 1h30 (dependendo das condições do mar), e inclui café da manhã e almoço na ilha.
Porém, nem só de belas praias vive Curaçao. Há opções de museus, cavernas, parques ecológicos, até fazenda de avestruz. Nós fomos conhecer essas diferentes atrações com a Yellow Adventures, empresa localizada dentro do hotel Hilton e que tem uma boa estrutura (e guias). Um passeio bem legal é o mergulho em Tugboat, com a Curaçao Actief.
Quem quiser aproveitar as lojas, também vai gostar. Cosméticos, perfumes e chocolates têm preços mais baixos que o Brasil – menores até que os valores do freeshop – e a variedade é boa.
Veja mais fotos de Curaçao:
INFORMAÇÕES GERAIS Site oficial: www.curacao.com/pt/ Língua: Holandês, Papiamento, Inglês e Espanhol. Moeda: florim antilhano, mas o dólar americano é amplamente aceito a uma taxa de US$1 = Fls 1,75. DDI: + 599 Voltagem: 120V/60Hz Tomada: dois traços Vacina: não são necessárias Visto: Não é necessário. Fuso horário: GMT -4 Carteira de motorista: a CNH brasileira é permitida Gorjetas: não são obrigatórias, mesmo em bares e restaurantes. Porém, eles costumam deixar 10%