Até pouco tempo, o Jalapão era uma região pouco explorada pelos viajantes. Mas, depois da novela O outro lado do paraíso, da Rede Globo, o local virou um dos pontos mais procurados pelos amantes do ecoturismo de todo o país. E não é para menos. Entre dunas, serras, fervedouros e muita natureza, você encontrará um dos lugares mais lindos e preservados do Brasil.

Localizado em meio ao cerrado brasileiro, no estado do Tocantins, o Jalapão é formado por vários municípios em uma área total de 34 mil km². É terra que não acaba mais. E calor também: não é raro os termômetros marcarem mais de 40ºC. Mas antes de embarcar para esse paraíso, confira as dicas e todas as informações que você precisa saber.

 | Onde fica o Jalapão

Antes de mais nada, é importante você entender sobre o destino que está indo, certo? O Jalapão, ou melhor, o Parque Estadual do Jalapão, fica a 300 km de Palmas, capital do Tocantins que serve como porta de entrada para a região. Bem perto da divisa com a Bahia, Maranhão e Piauí, o parque abrange 9 municípios, sendo 3 deles os principais e que fazem parte do roteiro de todas as expedições: Ponte Alta, Mateiros e São Félix do Tocantins.

O Jalapão é tem uma área total de 34 mil km² (Foto: Flymaniacs)
O Jalapão é tem uma área total de 34 mil km² (Foto: Flymaniacs)

Vale destacar que para conhecer a região, o roteiro é circular, ou seja, você começa por um lado e termina do outro. Explico melhor: os passeios tradicionais saem de Palmas e vão sentido Ponte Alta, passando por Mateiros, e por último por São Félix, terminando novamente em Palmas. Claro, você pode começar no sentido contrário, mas logo avisamos que as melhores atrações ficam no final da viagem, ou seja, o tradicional é a melhor opção para aqueles que gostam de se surpreender aos poucos.

| Quando ir

É aquela velha história, a melhor época é sempre aquela que você tem disponibilidade. E isso realmente vale para o Jalapão, pois ele é perfeito para visitação o ano inteiro. Porém, se você tem a oportunidade de escolher, aconselhamos ir na época de seca, que vai de maio a setembro. Durante esse período é mais garantido que você terá céu azul, muito calor (durante a noite a temperatura é mais amena) e pouca chance de chuva.

Dunas do Jalapão - parada obrigatória (Foto: Flymaniacs)
Dunas do Jalapão – parada obrigatória (Foto: Flymaniacs)

Caso você esteja planejando fazer a viagem por conta própria, e não fechando com uma agência de turismo (veja mais abaixo), essa pode ser uma época ruim, pois o terreno arenoso é uma armadilha para aqueles que não são muito experientes na direção de um 4X4, e a chance de atolar aumenta.

Já a época de chuva, de outubro a abril, é mais recomendada para quem embarca sozinho, mas pode não ser a melhor opção em relação à experiência. Apesar da temperatura ser praticamente a mesma durante a seca e você ainda conseguir respirar melhor por conta da chuva, você corre o risco de não ir em algumas atrações, como cachoeiras e fervedouros. Sem falar na chance de ter o céu fechado e não ver o pôr do sol, uma das melhores atrações do Jalapão.

Mas uma coisa é certa: um período que você deve evitar são feriados nacionais. Como o local não tem grande estrutura, você poderá pegar as atrações cheias e ter que esperar horas e horas para entrar. Isso porque nos fervedouros, por exemplo, existem capacidades de pessoas e tempo limite para ficar. Imagine perder metade do dia numa fila para entrar em um deles? Se isso acontecer, com certeza você terá que tirar uma ou outra atração do seu roteiro.

| Chegando e saindo

Para quem vem de regiões mais afastadas, o jeito mais fácil é chegar pelo aeroporto de Palmas, que, como já falamos, é a porta de entrada para esse paraíso. O aeroporto recebe voos diários de São Paulo, Goiânia e Brasília. Se você vier de outro destino, com certeza terá que fazer escala no seu trajeto.

Palmas é a porta de entrada para o Jalapão (Foto: Flymaniacs)
Palmas é a porta de entrada para o Jalapão (Foto: Flymaniacs)

Normalmente, um voo saindo de São Paulo custa em torno de R$ 600 (ida e volta – comprando com antecedência). Em alta temporada e perto da data da viagem esse custo tende a aumentar. Vale ficar de olho nas promoções das companhias aéreas. Por conta da alta procura, vira e mexe aparecem voos baratos para lá.

Chegando em Palmas, você não tem outra opção a não ser chegar ao Jalapão por um dos lugares já mencionados – Ponte Alta ou São Félix. Até Ponte Alta você fará o trajeto por asfalto. Depois disso, pode esquecer. Tudo é estrada de terra e se prepare, pois, como os jalapoeiros dizem, lá o seu coração não bate, ele trepida!

Distâncias:

– Ponte Alta: 190km de Palmas

– Mateiros: 160km de Ponte Alta (local com a maioria das atrações)

– São Félix: 90km de Mateiros

 | Como se locomover

A qualidade das estradas é um limitador para muitos turistas, isso porque dirigir no cerrado, com solo tão arenosos, não é tarefa fácil para qualquer um. É coisa para gente grande, coisa para profissional. Afinal, o Jalapão é bruto e exige que o deslocamento seja feito em veículos com tração nas quatro rodas.

As estradas do Jalapão são todas de terra (Foto: Flymaniacs)
As estradas do Jalapão são todas de terra (Foto: Flymaniacs)

Sabemos que é difícil convencer quem ama pegar o carro e dirigir por conta própria. Mas, acredite, a melhor opção é você fechar um pacote com uma agência de viagem, que tem um condutor experiente e que te deixará totalmente despreocupado até mesmo em relação às condições do carro.

| O que levar

A sua mala para o Jalapão não precisa, e nem deve, ser grande. Primeiro que os roteiros dificilmente duram mais de uma semana. Depois, o local é quente e você ficará entrando e saindo de rios e fervedouros todos os dias. Ou seja, coloca roupa de banho e você está pronto para encarar o Jalapão.

Roupas leves

Quando falamos que as temperaturas são altas, é porque elas realmente são. Pegamos dias que ultrapassaram os 40 graus no termômetro. Ou seja, quanto mais leve o tecido, mais confortável você ficará. Shorts, saia, blusas e camisetas. Tudo muito básico e prático de trocar, pois é tira e põe de roupa durante todo o dia. Uma boa dica, principalmente para os que têm a pele mais sensível, é levar aquelas camisetas com proteção UV, pois você não poderá passar protetor solar para entrar nos fervedouros, então é uma boa forma de se proteger. Leve apenas um casaquinho leve para usar durante a noite.

(Foto: Flymaniacs)
(Foto: Flymaniacs)

Roupas de banho

Esse é o principal item da sua mala. São rios, cachoeiras e muitos fervedouros durante a viagem. Se possível, leve mais de uma opção. Apesar da roupa secar bem rápido por conta da temperatura, é desconfortável começar o dia com a roupa de baixo úmida.

Calçados confortáveis

Na maioria dos dias usamos chinelo, mas vale levar também uma sapatilha de água, pois em algumas cachoeiras é recomendado utilizá-las devido as pedras que podem cortar o seu pé. Sem falar que se você optar por fazer rafting, o uso de sapato é obrigatório. Além disso, leve um tênis confortável para fazer trilha. Dependendo do roteiro, você pode ter uma ou duas trilhas durante a viagem.

Acessórios

Alguns itens indispensáveis: mochila para usar durante o dia; boné ou chapéu; óculos escuros; toalha de secagem rápida; máscara de mergulho; garrafinha de água; e, claro, protetor solar, repelente e hidratante. Para esses últimos itens vale ressaltar que são proibidos nos fervedouros. Nesses casos, a solução é a camiseta com proteção UV.

(Foto: Flymaniacs)
(Foto: Flymaniacs)

Eletrônicos

Para aqueles que querem fazer registros durante a viagem, aí vão as dicas: câmera fotográfica, celular e powerbank para carregar os aparelhos durante o dia, câmera a prova d’água (tipo GoPro). Se você tiver um dome, também vai ser muito bem utilizado. Se quiser garantir internet, um chip da Claro. Esse último é um pouco desnecessário. Todas as pousadas que passamos tinha internet. Fraca, mas tinha. E, sinceramente, a última coisa que você vai querer é ficar navegando na internet enquanto estiver no Jalapão.

| Onde se hospedar

As pousadas que ficamos eram simples, mas muito confortáveis (Foto: Flymaniacs)
As pousadas que ficamos eram simples, mas muito confortáveis (Foto: Flymaniacs)

Caso você feche a viagem com uma agência de turismo, não vai precisar se preocupar com isso. Mas, para saber, a maioria das hospedagens estão em Ponte Alta, Mateiros e São Félix. Praticamente todas são pousadas simples, rústicas, mas bastante confortáveis (pelo menos as que passamos). Há ainda algumas opções de camping, mas sem muita estrutura.

| Onde comer

O Restaurante da Minervina foi uma das nossas paradas (Foto: Flymaniacs)
O Restaurante da Minervina foi uma das nossas paradas (Foto: Flymaniacs)

Esse item é igual ao de cima. Se você fechar com uma agência, não vai precisar se preocupar. Eles já têm todos os esquemas das refeições, inclusive os lanchinhos durante o dia. O que vale ressaltar é que as comidas na região são bem simples, mas deliciosas. Quase todas preparadas em fogão a lenha, com o gostinho típico de comida caseira. Caso você esteja viajando por conta própria, é preciso se organizar, pois muitos restaurantes só preparam comida sob encomenda.

| Quanto custa

Nós viajamos com a Jalapão100Limites, uma das agências mais conceituadas da região (e nós super aprovamos). Eles oferecem pacotes de 3, 4 ou 5 dias, sendo esse último com duas versões, que difere também o preço. Optamos pelo passeio de 5 dias, e achamos o tempo ideal para conhecer tudo com calma e sem muita correria.

  • Aéreo Palmas (ida e volta saindo de SP): R$ 570
  • Hospedagem em Palmas (2 noites – um dia antes e um dia depois da expedição): R$ 200
  • Transporte em Palmas (uber para ir e voltar do aeroporto): R$ 60
  • Alimentação em Palmas (dois dias / por pessoa): R$ 150
  • Pacote de 5 dias com Lagoa do Japonês (por pessoa): R$ 2.580,00
  • Dinheiro para Jalapão (a maioria dos lugares não aceitam cartão e dificilmente você vai encontrar um caixa eletrônico, por isso, leve em espécie para garantir): R$ 300

TOTAL por pessoa = R$ 3.860,00

A transparência das águas dos fervedouros (Foto: Flymaniacs)

Um ponto importante, os pacotes da Jalapão100Limites incluem o transporte, hospedagens, alimentação e todas as atrações. Nós gastamos dinheiro com algumas bebidas, passeios extras e artesanato de capim dourado.

Outros valores da Jalapão100Limites:

– Roteiro de 3 dias: R$ 1.680

– Roteiro de 4 dias: R$ 1.980

– Roteiro de 5 dias (com cachoeiras de Taquaruçu): R$ 2.380

– Passeios extras: trilha Serra Espírito Santo R$ 150 e rafting na Cachoeira da Velha R$ 200.

Caso você faça a viagem por conta própria, aí vão alguns preços aproximados:

  • Alimentação (existem vários restaurantes gostosos pelas maiores cidades – Ponte Alta, Mateiros e São Félix): R$ 30
  • Atrações: os fervedouros e cachoeiras variam de R$ 10 a R$ 20
  • Hospedagem: depende muito da quantidade de pessoa, mas um quarto para duas pessoas costuma ser R$ 120

| O que fazer

 Vixi, aqui a lista é grande. Basta ver o tamanho da região do Jalapão para entender que você pode passar 1, 2, 3 ou vários dias por lá. Sempre terá um lugar lindo e especial para conhecer. De uma forma geral, o destino é muito procurado por pessoas que curtem o contato direto com a natureza, pois essa será a sua experiência: pé no chão de terra, sol na cabeça, mergulhos em águas geladas e cristalinas, muita fauna e flora.

Além das paisagens que você contemplará durante o seu trajeto de uma atração e outra, que pode levar até 3 horas em estrada de terra, você conhecerá rios, cachoeiras, fervedouros, lagoas, dunas e serras. Em nosso roteiro de 5 dias conhecemos as principais atrações. Confira todos os detalhes da nossa viagem.

Abaixo vão as principais atrações do Jalapão:

Lagoa do Japonês

Pedra Furada

Cachoeira da Roncadeira

Cachoeira Escorrega-Macaco

Cânion Sussuapara

Cachoeira da Velha

Prainha Rio Sono

Dunas

Fervedouro do Salto

Fervedouro do Rio Sono

Fervedouro Buritis

Comunidade Mumbuca

Fervedouro do Ceiça

Cachoeira da Formiga

Fervedouro Encontro das Águas

Encontro dos Rios

Fervedouro Buritizinho

Rio Formiga

Praia do Alecrim

Fervedouro Bela Vista

Cachoeira das Araras

Serra Espírito Santo

Serra da Catedral

Morros Vermelhos

| O que são os fervedouros

Eles são os protagonistas do Jalapão. São eles que atraem os olhos dos turistas, que, quando chegam por lá, descobrem que o Jalapão vai muito além. Enfim, para que você chegue lá e saiba o que são os famosos fervedouros, aí vai uma breve descrição.

A engraçada sensação de mergulhar e flutuar nos fervedouros (Foto: Flymaniacs)
A engraçada sensação de mergulhar e flutuar nos fervedouros (Foto: Flymaniacs)

Resumidamente, os fervedouros são piscinas naturais que não deixam as pessoas afundarem. Ou seja, existe uma forte pressão da água que jorra do lençol freático para a nascente que é capaz de manter as pessoas em flutuação, sem nenhum esforço. Por mais que a gente tente explicar essa sensação, só mesmo entrando em um fervedouro para entender. Ela é realmente indescritível!

Existem diferentes fervedouros, seja por tamanho ou pressão da água. Em alguns você ainda consegue arriscar um mergulho (não estou falando pular na água, pois isso é proibido), mas em outros é praticamente impossível afundar, mesmo que alguém te empurre para baixo. O valor para entrar, caso você faça a viagem por conta própria varia de R$ 10 a R$ 20.

| Ir sozinho vs. Contratar agência de turismo

Está aí um ponto polêmico. Pelos dias que passamos na região, recomendamos fortemente que você feche um pacote com uma agência de viagem. Com isso, você não terá nenhuma preocupação, como reserva de hotel, logística para comer, transporte (que é o ponto mais crítico da viagem) e até entrada para as principais atrações.

Fizemos o passeio com a Jalapão100Limites (Foto: Flymaniacs)
Fizemos o passeio com a Jalapão100Limites (Foto: Flymaniacs)

Sim, é possível fazer a viagem por conta própria, mas quando os locais dizem que o Jalapão é bruto, é porque ele realmente é. E isso pode complicar a sua vida durante o trajeto. Vimos muitos turistas com seu próprio 4×4 (sem isso nem arrisque entrar no Jalapão) e fazendo roteiro como bem entender. Fora um grupo de amigas que encontramos passando perrengue, não ouvimos nenhuma história enquanto estávamos lá.

Mas, conversando com os nossos guias, existem muuuuuitas histórias e, a maioria delas não acaba bem. Só pra ter uma ideia, furar um pneu ou quebrar a suspensão do carro são problemas muito comuns por lá. Fora a dificuldade de consertar um carro no meio do nada e debaixo de 40ºC, imagine que um pneu de um carro 4×4 pode custar facilmente mais de mil reais. Acho que isso, por si só, já é motivo mais do que suficiente para deixar seu carro em casa e contar com a comodidade de uma agência.

Pedra Furada foi uma das paradas (Foto: Flymaniacs)
Pedra Furada foi uma das paradas (Foto: Flymaniacs)

Além disso, estando com guias experientes e que conhecem a região, eles podem proporcionar uma melhor experiência no Jalapão, indo em atrações menos cheias e conhecendo os melhores horários para cada momento.

| Escolhendo a agência de viagem

Nós sempre pesquisamos muito antes de fechar qualquer viagem. E para o Jalapão não seria diferente. Atualmente, são mais de 70 empresas que realizam tours semanalmente. Muitas delas, inclusive, não são legalizadas. Por isso, olhamos e selecionamos a dedo as empresas que tinham o nosso estilo e o roteiro que a gente queria.

Uma dica: não perca nenhum pôr do sol (Foto: Flymaniacs)
Uma dica: não perca nenhum pôr do sol (Foto: Flymaniacs)

A maioria oferece um roteiro bem tradicional, mas alguns se diferem. A Jalapão100Limites, por exemplo, faz a Lagoa do Japonês, lugar incrível que ainda não está na lista de todas as agências.

Além disso, sentimos como era o atendimento de cada uma que entramos em contato. Algumas foram mais ríspidas, outras nos deram as informações básicas, mas, de novo, a Jalapão100Limites ganhou a nossa escolha já neste momento. Atenciosos desde o começo, foram super abertos a entender as nossas datas e preferências.

Casinhas de adobe, típicas da região (Foto: Flymaniacs)
Casinhas de adobe, típicas da região (Foto: Flymaniacs)

A partir disso, só indo para ver se tínhamos feito a melhor escolha. E não temos dúvida que sim! Os carros são revisados semanalmente, o que já faz toda a diferença, ar-condicionado forte durante todo o trajeto, ótimas hospedagens, e a alimentação nem se fale (desde os lanchinhos, até as paradas para almoço e jantar). E, talvez o mais importante, os guias! Viajamos em dois carros (total de 9 pessoas, fora os condutores) e os dois guias – Guilherme e Casé – que nos acompanharam eram sensacionais. Atenciosos, organizados, preocupados, além de ótimos fotógrafos.

DICAS

  • Tente ver o pôr do sol todos os dias. Mesmo que tenha que pedir para o guia parar no meio da estrada.
  • Respeite as regras para entrar nos fervedouros: proibido uso de protetor solar, repelente e creme hidratante.
  • Aprecie o céu durante a noite, ele é um dos mais estrelados que já vimos.
  • Não pule dentro do fervedouro.